Em novembro de 2019, o mundo do luxo foi pego de surpresa com a notícia de que a maior transação da história do setor havia sido assinada: o maior grupo de luxo do mundo, LVMH, acabara de assinar o contrato de aquisição da empresa Tiffany & Co., a maior joalheria norte-americana.
A Tiffany foi fundada em 1837 nos Estados Unidos e ficou conhecida ao redor do mundo por suas joias autorais produzidas, majoritariamente, com diamantes extremamente valiosos. Ao longo dos anos, a empresa chamou atenção ao ser uma das estrelas principais do filme “Bonequinha de Luxo”, que contava com atuação da atriz Audrey Hepburn e seu incansável vislumbre pela marca.
O grupo LVMH por sua vez, é o maior conglomerado de luxo do mundo, contando com mais de 70 marcas em seu portfólio, as quais caminham entre os setores da moda, bebidas, joias, perfumes e cosméticos, iates e hotéis, todos voltados para a comercialização do setor de luxo e, é atualmente de propriedade do homem mais rico da Europa, Sr. Bernard Arnault.
O grupo foi atraído pela detentora da fórmula do amor verdadeiro, contido na caixinha azul mais famosa do mundo, não somente pelos bens comercializados, mas também pelo volume financeiro que a empresa movimentava sozinha no setor do luxo em suas mais de 300 lojas ao redor do planeta, considerando que esse é atualmente formado apenas por grandes conglomerados.
O acordo chegou ao valor de U$16.2 bilhões em 2019, ou seja, aproximadamente U$135 por ação. No entanto, a LVMH recebeu este ano do Ministro das Relações Internacionais da França uma instrução para que postergasse a finalização do contrato, o qual se daria em novembro de 2020, levando em consideração algumas falas proferidas pelo governo norte-americano, com a intenção de aumentar os tributos para os produtos franceses, o que levou ao grupo a informar que não seriam mais capazes de concluir a transação.
A Tiffany por outro lado, alega que o grupo LVMH, o qual ficou responsável pela aquisição de todas as documentações e autorizações governamentais necessárias, não estava cumprindo com tal obrigação e que o fato de se postergar a finalização dos negócios não enseja no encerramento completo do contrato e o consequente abandono da aquisição da empresa.
Nesse momento, há um processo judicial movido pela Tiffany na cidade de Delaware nos Estados Unidos, buscando a conclusão do acordo, ou seja, a finalização da aquisição de sua empresa pelo conglomerado de luxo no valor acordado inicialmente, bem como a discussão sobre as cláusulas antitruste e de eventos de força maior, a fim de que reste demonstrado se o evento da pandemia ocasionada pelo COVID-19, se encaixaria nesta previsão contratual, posto que as atitudes e volumes de venda da empresa durante tal evento, foram utilizados como alegação para o descumprimento do contrato por parte do grupo LVMH.
Enfim, o que parecia uma história de amor entre a famosa marca de joias e o grupo LVMH está descambando para um divórcio litigioso.